domingo, outubro 29, 2006

Biblio@rtes - 3

Andreas Gursky (Leipzig, 1955)

Andreas Gursky nas suas fotografias de grande formato e ricas em cor marca a relação entre o homem e o meio em que vive. Em articulação com uma tradição pictórica europeia (paisagem, interiores, arquitectura e abstracção), as fotografias de Gursky exploram locais isolados (como halls de edifícios, bibliotecas, terrenos vazios, pistas de aeroportos) ou espaços públicos, de lazer ou de trabalho (como piscinas e fábricas).

A fotografia da Biblioteca Pública de Estocolmo, um projecto do arquitecto sueco Erik Gunnar Asplund, representa o rigor na organização das colecções, através de uma vista hemisférica das estantes, livros e respectivas cores. O detalhe do esquema cilindríco imposto pela cúpula central, permite o aproveitamento do espaço de um modo racional, tendo como limite o topo da sala de leitura.

Library, 1999 - Andreas Gursky (Leipzig, 1955)
Foto:
Guggenheim Museum

Ontem não te vi em Babilónia

25 de Outubro à noite


Lobo Antunes numa noite repleta de espontaneidades, revela o lado humano e solto do escritor consagrado. A conversa fluiu com muito humor, entre histórias de vida e de vidas, memórias e recordações de infância e personagens rocambulescas... Das várias afirmações, destaco aquela em que Lobo Antunes se referiu ao acto de escrever e aos requisitos necessários para se ser escritor: “solidão, orgulho e paciência”. Solidão, por exigir bastante isolamento (imprescindível à concentração). Orgulho, por implicar elevada força de vontade e persistência. Paciência, por envolver muitas privações, sempre.

Quando estou muitas horas a sentir o tempo que não sei para onde vai no relógio eléctrico, sei que passa por mim num zumbidinho leve, começo a distinguir coisas no escuro, primeiro os móveis que deixaram de ser móveis e perderam o nome e depois o tecto, as paredes, o quadrado mais claro da janela e o rectângulo mais claro da porta esses sim ainda tecto e paredes e janela e porta e eu todavia perdendo-os também e a esquecer o que são, parece que a alma me sai num fuminho e tenho medo que não regresse mais, que ficando sem alma fique sem a minha vida inteira e continue a respirar como respiram as cortinas e as árvores que por mais que nos falem não as podemos ouvir, não nos preocupamos no caso por exemplo de se assustarem, sofrerem, não fazem parte de nós, andam por aí e acabou-se, quando estou muitas horas acordada a minha cara principia a tornar-se da mesma matéria que as tais coisas do escuro e deixa de ser cara, os braços deixam de ser braços consoante os móveis deixaram de ser móveis e perderam o nome

(o que chamar à minha cara, aos meus braços?)

ANTUNES, António Lobo - Ontem não te vi em Babilónia, 2006

terça-feira, outubro 24, 2006

[adiante]

Foto: Lun@tic, La Rambla


...expectativas goradas...

O melhor é nunca criar expectativas face ao que
não depende directamente de nós,


só assim é possível
manter alguma harmonia e
satisfação


As expectativas goradas
podem deixar
fortes marcas...


perda de
entusiasmos
e motivações...

domingo, outubro 22, 2006

Biblio@rtes - 2

Rachel Whiteread (Londres, 1963)

A escultora inglesa explora a ideia da negatividade dos espaços. Com recurso ao processo de moldagem em gesso representa a memória física quer de objectos como de espaços e materializa aquilo que não é visível, tornando vivo o seu “vazio”. Rachel Whiteread em Untitled (Paperbacks), Untitled (Library) ou Untitled (Colours), tirando o molde aos objectos estante e livro, torna tangível o imaterial. Simultaneamente, imprime às suas peças uma relação com o corpo humano: a dimensão das estantes corresponde à escala real, reflectindo funções e evocando, nalguns casos, a intimidade que esse equipamento nos proporciona.


Untitled (Paperbacks), 1997 - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Gesso e aço. (Dimensão: 450 x 480 x 632 cm)
Foto: MoMa

Untitled (Paperbacks) é o molde negativo do interior da sala de uma biblioteca: uma sala cheia de marcas espectrais de livros cujos conteúdos e títulos parecem ter-se perdido. O molde em gesso é a manifestação visível da sala – os livros unidos por cores, a dimensão das lombadas e mesmo a textura das suas páginas permanecem “legíveis”. A escultura de Whiteread cria assim uma tensão entre o assombroso e o poético, o monumental e o frágil, o efémero e o eterno. [Fonte: Texto da exposição - Out of Time: A Contemporary View, August 30, 2006–April 9, 2007]

Untitled (Library), 1999 - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Gesso, Poliestireno, fibra e aço. (Dimensão: 112 1/2 x 210 5/8 x 96 in.)
Foto:
Hirshhorn Museum and Sculpture Garden


Untitled (Colours), 2002 - Rachel Whiteread (Reino Unido, 1963)
Gesso, Poliestireno e aço. (Dimensão: 113.00 x 90.00 x 26.00 cm)
Foto: National Galleries of Scotland

Em Untitled (Library) e (Colours) são visíveis tanto a cor como as páginas dos livros. As cores neste caso resultam das cores das capas absorvidas pelo molde em gesso durante o processo de secagem. Por sua vez, as páginas correspondem às linhas delineadas nas prateleiras da escultura.

Nestas três obras, Whiteread associa a inexistência material de livros para ler, ou este vácuo assombrado, ao espaço preenchido pelo conhecimento ou às ideias e memórias contidas nos livros, o "não-lugar" do imaterial.

Holocaust Monument (2000) Judenplatz, Vienna - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Foto:
Wikipedia e Ramone

Ao contrário do que sucede em Untitled (Paperbacks), onde existe uma biblioteca na qual se pode entrar, no monumento Holocaust Memorial inaugurado em 2000, na praça Judenplatz em Viena de Áustria, o processo de representação do espaço “biblioteca” é invertido. Aqui, o molde do espaço interior de uma biblioteca é delineado, positivamente, através das estantes e respectivas marcas impressas pelos livros no exterior de um bloco fechado. Uma das paredes apresenta o negativo da porta principal. No monumento às vitimas do holocausto, Whiteread simboliza a vida e cultura de mais de 65.000 judeus austríacos (tradicionalmente identificados como “Pessoas dos Livros”) mortos durante a perseguição Nazi.

Em síntese, nesta série de instalações, a escultora pretende realçar e demonstrar que, tal como as obras de arte invocam a história de objectos e pessoas, também os livros assumem esse papel de registo e memória da história da humanidade.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Beth Gibbons - Mysteries

É sempre bom quando alguém nos desvia do stress com uma boa sugestão de música. Retirada do filme As Bonecas Russas, em tempos alojadas algures numa Residência Espanhola...




You... GoogleTube

No passado dia 10 de Outubro foi divulgada a notícia de que o Google compra YouTube por 1.650 milhões de dólares. Para muitos é considerada uma má compra, para outros é simplesmente mais uma prova de que vivemos num período dedicado aos negócios na Internet, em que o Google dita as regras. Outros consideram, tal como eu, que não foi uma compra despropositada. Esta aquisição vem permitir ao Google aceder a uma comunidade de utilizadores que visualizam mais de 100 milhões de vídeos por dia, que passam mais tempo nesse site do que em qualquer outro de características semelhantes e ainda, concluídos os acordos, pode iniciar o processo de pesquisa através das fontes de acesso... e também, vir a viabilizar o uso do Adsense em pleno.

Tendem a surgir as primeiras imagens, ou melhor, os primeiros vídeos que projectam esta metamorfose ...

terça-feira, outubro 17, 2006

Biblio@rtes - 1

Maria Helena Vieira da Silva (1908, Lisboa - 1992, Paris)

Inspirada em Fora de Horas, decidi dar início à recolha de uma série de obras e formas de representação artística dedicadas às Bibliotecas. Hoje a referência vai para Vieira da Silva e as suas pinturas de perspectivas labirínticas, surreais e algo mágicas. Do cruzamento de imagens entre livros, estantes, escadas e soalhos ladrilhados, à perda gradual da cor e ao reforço das linhas que se evidenciam através de tonalidades negras.

Bibliothèque, 1949 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)


La bibliothèque, 1966 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)

L'autre bibliothèque de René Char, 1967 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)

domingo, outubro 15, 2006

A linguagem e a comunicação

Foto: wikipedia



O tema da linguagem conduz a um debate nem sempre consensual. A propósito de M014 - Sinais dos Tempos, no Automne, e da referência ao internetês e à importância das palavras como forma de comunicação, considero que, independentemente de como é feita a aplicação quotidiana das palavras, este processo ajudará a manter vivo o idioma. Não quero com isto dizer que devamos todos comunicar deste modo, pessoalmente sinto-me até mesmo incompetente para o fazer.

No entanto, a sociedade constrói-se a partir dos distintos contributos que cada um enquanto indivíduo e, simultâneamente, integrado em conjuntos e grupos, acrescenta ao espaço mais vasto que todos compomos.

Vislumbra-se uma revolução ao nível da linguagem, resultado da utilização cada vez mais usual dos SMS (Short Messages Standard). Este serviço vem modificando as modalidades mais tradicionais de comunicação, sobretudo devido a conjunturas recentes e rápidas transformações incutidas pela utilização massiva das tecnologias ( como seja: o serviço de envio de mensagens de texto, os grupos de discussão ou as salas de conversação on-line - chat room).

Na wikipedia encontramos algumas referências sobre a utilização deste tipo de linguagem. A limitação do tamanho das mensagens, o reduzido interface dos telemóveis e a própria linguagem dos chats vem contribuindo para que os utilizadores dos serviços de SMS desenvolvam o uso de abreviaturas (como o k ou o q em vez de que, apesar da existência de algumas devidamente normalizadas). Esta economia de caracteres também pressupõe a substituição de determinadas palavras por símbolos (como o misterioso :-* [foto via Automne, por Mónica). É claro que a função principal está em transmitir o máximo de informação no mínimo de espaço possível.

Existem tantas variações na linguagem SMS quanto utilizadores, sendo que, por este motivo, a tendência é para que não se verifique uma norma escrita que defina exactamente como e quanto abreviar cada palavra. Cada vez mais o uso habitual dá lugar a certas uniformidades entre cada um dos diferentes grupos de utilizadores, sendo que os jovens assumem um grupo privilegiado já que dedicam muito do seu tempo a este tipo de comunicação.

É caso para dizer que os SMS constituem um fenómeno social dos nossos dias e cujas consequências transcendem o âmbito da comunicação. É possível que no futuro existam duas formas lexicais para um mesmo vocábulo e talvez o mesmo venha a modificar substancialmente o campo educativo e outras áreas da comunicação humana, é apenas uma questão de tempo…

Importa fundamentalmente que cada grupo gere os seus próprios códigos em virtude das suas necessidades de comunicação e isso é sempre positivo. Muito embora os idiomas aplicados actualmente possam vir a sofrer modificações no tempo, nada poderá, de nenhuma forma, conduzir ao seu desaparecimento.
Lun@TIC

/estátua em movimento/

Foto: Lun@tic, La Rambla

Nie ma, nie ma ciebie

Sábado à noite sentia-me assim... Uma enorme vontade de sair daqui e partir para um mundo irreverente e cheio de uma boa dose de loucura, como o retratado pelo realizador bósnio (Kusturika), ao som de Goran Bregovic.

Goran Bregovic ft Kayah

Mesecina

Goran Bregovic - Mesecina

sábado, outubro 14, 2006

Conto das Arábias

Foto: Lun@tic, Casa Milà. La Pedrera, de Gaudí

Era uma vez um conto das arábias...

ALI BABÁ E OS QUARENTA LADRÕES


Há muito, muito tempo, numa cidade lá para os lados do Oriente, vivia Ali Babá, que ganhava a vida comprando e vendendo coisas nas aldeias próximas à sua. Uma bela tarde, ao regressar a casa, viu uma longa caravana de quarenta homens carregados com grandes caixas, que as puseram no chão ao chegarem junto a uma rocha. Então, espantadíssimo, Ali Babá viu o chefe aproximar-se da parede rochosa e gritar:

- Abre-te Sésamo!Como que por milagre abriu-se uma grande fenda na rocha e apareceu uma enorme gruta, no interior da qual os homens depositaram as caixas e saíram.

- Fecha-te Sésamo!- gritou o chefe. A parede voltou a fechar-se e foram-se embora.Quando Ali Babá viu que os homens já iam longe, correu para a grande rocha e gritou:

- Abre-te Sésamo! Entrou na gruta e viu, espantado, que ela albergava um precioso tesouro, proveniente dos roubos que os homens vinham praticando nas cidades da região. Então carregou o que pode num saco e voltou para casa.

No dia seguinte, pedindo segredo, contou tudo ao seu irmão mais velho Kasim.Logo que a noite caiu Kasim, sem dizer nada a ninguém, colocou os arreios e alguns sacos nas mulas e dirigiu-se à gruta, sonhando durante todo o percurso que era muito, mas mesmo muito rico. Porém, quando tinha os sacos quase todos cheios, os ladrões regressaram para guardar mais coisas roubadas e, ao verem-no, pois não havia como esconder-se, condenaram-no a ficar fechado na gruta. Preocupado com o desaparecimento do irmão, e lembrando-se da conversa que tivera, Ali Babá decidiu ir procurá-lo à gruta. Logo que entrou viu-o atado de pés e mãos, jogado a um canto. Desamarrou-o e foram-se embora correndo, por entre juras de nunca mais ali voltarem.Porém, quando os ladrões regressaram à gruta e viram que o prisioneiro se tinha evadido, logo pensaram numa maneira de o apanharem e a quem o ajudou.

- Far-me-ei passar por mercador e irei bater de porta em porta em todas as cidades em redor. Porei um de vós em cada vasilha e encherei uma com azeite.

- decidiu o chefe dos ladrões. E lá foram de cidade em cidade, consoante o plano que tinha forjado, até que chegou a casa de Kasim e o reconheceu. De imediato lhe pediu alojamento, ao que este anuiu, sem desconfiar de nada.Mas durante o jantar a criada Frahazada, ao passar junto das vasilhas, ouviu os ladrões a cochicharem:

- Estejam preparados, aproxima-se o momento de os agarrarmos!Frahazada correu a contar a Ali Babá a estranha coisa que tinha ouvido. Resolveram então ferver um alguidar de azeite e despejá-lo em cada pote aonde se escondiam os malvados ladrões. Estes fugiram aterrorizados, com excepção do chefe, que foi preso e entregue aos guardas do rei.Kasim, agradecido, comprometeu-se a dar metade da sua fortuna ao irmão.

- Agradeço-te, mas apenas quero 1/4 para mim. O restante pertence a Frahazada, com quem me vou casar!

Colori, colorado, está o conto acabado!

Farol dos Sonhos


No Farol dos Sonhos, 1º Encontro sobre o Livro e o Imaginário Infantil, é possível frequentar o Workshop de Katsumi Komagata (Designer gráfico japonês), pelas 11h30, aberto ao público em geral. A não perder também: Exposição 1, 2, 3... Komagata Animalaminute e Contos Japoneses


Encontramo-nos por lá...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ainda o Google, desta vez em redor das Literacias...


[O Google ao serviço da educação e aprendizagem ao longo da vida]


A propósito do Dia Mundial dos Correios foi hoje assinado um Protocolo entre os CTT – Correios de Portugal e o Plano Nacional de Leitura (PNL) (iniciativa do Ministério da Educação). Através deste protocolo nasceu o projecto Dinamização da Escrita e da Leitura, com base no qual os Correios de Portugal procuram estimular o uso da correspondência escrita entre os alunos e as escolas e, desta forma, valorizar o papel da escrita na vida dos cidadãos.

Bem... mas o que pretendo com este post é partilhar mais uma das funcionalidades do Google, o motor de pesquisa que vem também acompanhando as exigências de elevar os níveis de literacia ao nível mundial. Neste contexto, desenvolveu o Projecto Literacia = The Literacy Project e aplica os seus produtos e serviços no domínio da pesquisa e recolha de recursos informativos on-line para professores, organizações ligadas ao desenvolvimento das literacias e outras entidades interessadas na leitura e educação (criado em colaboração com a
LitCam e o UNESCO's Institute for Lifelong Learning).

sexta-feira, outubro 06, 2006

55 Ways To Have Fun With Google



O Google é uma ferramenta de pesquisa a que recorremos frequentes vezes, mas, provavelmente, nunca nos ocorreu que é possível jogar com este motor de pesquisa...
Através do Google Snake Game? Googledromes? Memecodes? Googlesport? Google Calculator? Googlepark and Google Weddings? Google hacking, fighting and rhyming? entre outros... Este livro dá-nos a conhecer os jogos relacionados com o Google, os cartoons, as curiosidades e algumas utilidades bem divertidas. Fica o convite à sua leitura... concerteza que irão passar a ser pesquisadores mais animados !

sinfonias

... da chama do entusiasmo deixo a melodia fluir. Persigo-a. Ofegante, aprisiono-a. Outra vez me escapa, desaparece, mergulha num caos de emoções variadas. Agarro-a novamente, seguro-a. Envolvo-a com prazer ... multiplico-a com modulações e, finalmente, triunfo com o tema máximo. Nisto está a sinfonia completa.
Ludwig van Beethoven
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