domingo, outubro 15, 2006

A linguagem e a comunicação

Foto: wikipedia



O tema da linguagem conduz a um debate nem sempre consensual. A propósito de M014 - Sinais dos Tempos, no Automne, e da referência ao internetês e à importância das palavras como forma de comunicação, considero que, independentemente de como é feita a aplicação quotidiana das palavras, este processo ajudará a manter vivo o idioma. Não quero com isto dizer que devamos todos comunicar deste modo, pessoalmente sinto-me até mesmo incompetente para o fazer.

No entanto, a sociedade constrói-se a partir dos distintos contributos que cada um enquanto indivíduo e, simultâneamente, integrado em conjuntos e grupos, acrescenta ao espaço mais vasto que todos compomos.

Vislumbra-se uma revolução ao nível da linguagem, resultado da utilização cada vez mais usual dos SMS (Short Messages Standard). Este serviço vem modificando as modalidades mais tradicionais de comunicação, sobretudo devido a conjunturas recentes e rápidas transformações incutidas pela utilização massiva das tecnologias ( como seja: o serviço de envio de mensagens de texto, os grupos de discussão ou as salas de conversação on-line - chat room).

Na wikipedia encontramos algumas referências sobre a utilização deste tipo de linguagem. A limitação do tamanho das mensagens, o reduzido interface dos telemóveis e a própria linguagem dos chats vem contribuindo para que os utilizadores dos serviços de SMS desenvolvam o uso de abreviaturas (como o k ou o q em vez de que, apesar da existência de algumas devidamente normalizadas). Esta economia de caracteres também pressupõe a substituição de determinadas palavras por símbolos (como o misterioso :-* [foto via Automne, por Mónica). É claro que a função principal está em transmitir o máximo de informação no mínimo de espaço possível.

Existem tantas variações na linguagem SMS quanto utilizadores, sendo que, por este motivo, a tendência é para que não se verifique uma norma escrita que defina exactamente como e quanto abreviar cada palavra. Cada vez mais o uso habitual dá lugar a certas uniformidades entre cada um dos diferentes grupos de utilizadores, sendo que os jovens assumem um grupo privilegiado já que dedicam muito do seu tempo a este tipo de comunicação.

É caso para dizer que os SMS constituem um fenómeno social dos nossos dias e cujas consequências transcendem o âmbito da comunicação. É possível que no futuro existam duas formas lexicais para um mesmo vocábulo e talvez o mesmo venha a modificar substancialmente o campo educativo e outras áreas da comunicação humana, é apenas uma questão de tempo…

Importa fundamentalmente que cada grupo gere os seus próprios códigos em virtude das suas necessidades de comunicação e isso é sempre positivo. Muito embora os idiomas aplicados actualmente possam vir a sofrer modificações no tempo, nada poderá, de nenhuma forma, conduzir ao seu desaparecimento.
Lun@TIC

9 comentários:

Agreste disse...

uau! lição nº1: como tranformar meia duzia de tretas numa coisa séria :-)
concordo contigo e não há aqui novidade nenhuma: apenas se dá um design actual à estenografia, simbolos de telex, telegrama, etc. uma espécie de salto de geração ou reabilitação de uma linguagem que pelo avanço da tecnologia (alguém sabe hoje o que é estenografia??) caiu em desuso.

só lamento que não haja um "manual/consenso" para saber o que é realmente :-* entre "amargo" e "beijo" convenhamos que vai um mundo de equívocos!!!

Agreste disse...

ahh tenho que comentar a imagem: traduz um momento de felicidade :-)

Anabela disse...

Vim espreitar este seu texto, através do blog "Automne", da Mónica. Tenho a dizer que gostei do que li. Não me familiarizo com esta nova linguagem, confesso.

E, apesar deste novo código linguístico estar presente no dia-a-dia, penso que ainda vai existindo alguma resistência por parte dos professores da Língua Portuguesa, quanto ao uso desta nova forma de escrever em português.

Penso inclusivé que o campo educativo edifica barreiras, no uso destes novos vocábulos.

Há relativamente pouco tempo ouvia alguém entendido em matérias da Língua Portuguesa aceitar que, brevemente, será considerado correcto dizer e escrever "hádes" ao invés de "hás de", pelo uso sistemático desta forma verbal do verbo Haver.

Lá está, mais um fenómeno socio-linguístico dos nossos dias...

Agreste disse...

anabela: até lá hás-de perder os preconceitos :-)

Agreste disse...

tenho q ser mais rigorosa: qdo digo que "aqui n há novidade nenhuma" refiro-me à invenção da linguagem e não ao teu texto :-)
(às vezes perco a escrita na entoação das palavras)

Anabela disse...

Ó mónica, mas que arranha os ouvidos, lá isso arranha. Ele há dias que até sangram!

Anabela disse...

Epá, não sei porquê, mas sinto-me uma intrusa, em casa da vizinha, espojada no sofá, a conversar com a Mónica! lol

Desculpe, SrªDªLun@tic...

Agreste disse...

anabela: és o diabo em sapatos vermelhos :-) como aqui os comentários são moderados pela pacata lun@tic (deduzo que mais uma colega tua LOL) neste momento em tempo real :-) ela diz-nos já se além do sofá oferece um chá e bolinhos

web disse...

Mónica e Anabela,

Este espaço tornou-se numa autêntica "chat room" ao vosso dispor :-)))))

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