domingo, dezembro 31, 2006

2006 em retrospectiva

Em jeito de balanço de final de ano, sugiro a consulta de um post que compila informação ou acontecimentos marcantes relacionados com a pesquisa de informação, por Chris Winfield em 10e20.


terça-feira, dezembro 26, 2006

Wikiasari


Jimmy Wales, o criador da Wikipedia, pretende desenvolver um novo projecto com a função de motor de busca - o Wikiasari. Este pesquisador on-line irá combinar a tecnologia de software livre com a intervenção humana, a qual servirá de suporte à avaliação e validação da credibilidade dos resultados. Desta forma procura assegurar a devolução de resultados de modo mais relevante do que comparativamente aos que se obtêm com base nos algoritmos aplicados no Google. Segundo o Times online, Wales propõe-se retomar às origens através de um directório editado por mediação humana, de elevada sofisticação e apoiado no êxito da Wikipedia.

Alentejo Blue


Não deixa de ser curioso que o New York Times tenha elegido entre os 100 livros notáveis do ano uma obra sobre Portugal: o Alentejo Blue, de Monica Ali. Este livro dá a conhecer a vila imaginária de Mamarrosa, situada algures na região alentejana e descrita sob a perspectiva ficcionada de uma jovem romancista britânica.

Ali, Monica (2006). Alentejo Blue. Londres: Doubleday, 299 p.

Ler Devagar II



Existe um sem número de boas razões para ir para casa, ler na cama...




New York Times - Ilustrações Jules Feiffer (04.Dez.2005)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Ler Devagar


LIVROS EM SALDO
de 21 de Dezembro a 20 de Janeiro 2007

4ª a Sábado das 18 às 24 horas

na Galeria Zé dos Bois
Livros a 0,50€, a 1€, a 2€, a 5€ e a 10€

A LER DEVAGAR vai saldar, a preços sem concorrência, a totalidade do seu stock.

What's This?

The Nightmare Before Christmas (1993) - Tim Burton
Foto: Moviemaze


The Nightmare Before Christmas (1993) - Tim Burton

quarta-feira, dezembro 20, 2006

"Unidos pelo Acesso" – Acessos, Formação e Actividades para todos os cidadãos!




A expansão da Internet e o proliferar de serviços on-line garante a oferta de novas oportunidades de participação na vida pública por parte de todos os cidadãos.

A aplicação da Internet a políticas democráticas está na base do desenvolvimento do projecto “Unidos pelo Acesso”, iniciativa promovida pela Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação.

O projecto "Unidos pelo Acesso" será apresentado dia 21 de Dezembro, às 12 horas, na Delegação do IPJ (Lisboa/Expo) e prevê a dinamização de actividades e formações apoiadas nas TIC, contribuindo por esta via para o desenvolvimento de competências de literacia de informação no exercício de uma cidadania activa, eficiente e responsável ao serviço dos cidadãos que, por contingências diversas, possuem necessidades especiais.

[Ice Dance]

Edward Scissorhands (1990) - Tim Burton
Foto: Lun@tic, La Rambla

Biblio@rtes - 7

Vittorio Introini (Samarate, 1935 - Itália)

Sistema de estantes não convencionais Pós-Modernistas, onde o arquitecto e designer italiano Vittorio Introini, na busca pela novidade estílistica e numa atitude que reflecte liberdade de criação, nega o ornamento, opta pelas linhas rectas sem qualquer marca de elementos orgânicos e aplica um design sóbrio e simples, tanto ao nível da forma como dos materiais utilizados. O imaginário tecnológico na base de uma peça adequada a qualquer biblioteca contemporânea.

Shelving system, 1969 - Vittorio Introini (Itália, 1935)
Foto: artnet

III-32 Library System, 1969 - Vittorio Introini (Itália, 1935)
Foto: artnet


P-700 Library System, 1969 - Vittorio Introini (Itália, 1935)

domingo, dezembro 10, 2006

Ed Harcourt - Visit from the Dead Dog

quarta-feira, dezembro 06, 2006

LearningSpace




A Open University faculta desde Outubro de 2006 o acesso a OpenLearn, uma página web que oferece uma selecção de recursos e materiais de aprendizagem informal abrangendo diversos níveis educativos e áreas de conhecimento. A partir da página LabSpace estes recursos podem ser utilizados livremente como materiais de estudo ou reutilizados em qualquer tipo de actividade educativa por alunos e professores (conforme licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 2.0). A par dos materiais de aprendizagem são ainda facultadas algumas ferramentas de comunicação e apoio, como fóruns de discussão, video-conferências, serviço de mensagens ou de mapeamento de conteúdos. O projecto OpenLearn aplica o Moodle, software aberto destinado ao ensino à distância em ambiente virtual.



segunda-feira, novembro 27, 2006

Em repouso...


domingo, novembro 26, 2006

Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco


conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

quarta-feira, novembro 22, 2006

Oeiras Internet Challenge... em Jogo

O conceito de jogo envolve distintas situações e matrizes. Existem pessoas que gostam de jogar roleta, outras futebol, ou ainda, mais recentemente, outras há que emergem no mundo dos jogos de computador... Em todos os casos prevalece a vertente de ficção e um conjunto de regras. Os jogos podem conter um cenário de fantasia ou, por outro lado, com base em temas reais, apresentar uma estrutura de tal forma atraente e amigável que resulte na combinação entre entretenimento e aprendizagem.

Segundo Danny Hillis, o jogo, no seu sentido mais amplo,

é uma actividade não dirigida, que se faz por puro prazer, por pessoas que não estão especialmente ensinadas [...] Por jogo entendo algo que se faz sem que se saiba bem como fazê-lo. Assim, persiste nele, fundamentalmente, a componente de aprendizagem.

Em paralelo, alguns teóricos atribuem às tecnologias de informação o papel de ferramentas de apoio à educação e aos processos de apreensão de conhecimentos. As tecnologias e os suportes multimédia e digitais permitem reforçar as experiências dos estudantes. Além do mais, como refere Danny Hillis, estas tecnologias podem ser "costumizáveis" e "ensinar-lhes tanto o que necessitam de saber como também quando necessitam de saber" (Newsweek, 2001).

A fantasia, o não dirigido, o prazer, as novas experiências e a curiosidade, são vias para o desenvolvimento criativo e para a promoção de novas aprendizagens.

Na mesma perspectiva, Steven Johnson, em Tudo o que é mau faz bem, refere

Não tenho quaisquer dúvidas de que jogar os jogos que existem hoje em dia desenvolve de facto a inteligência visual e a destreza manual, mas as virtudes dos jogos vão muito além da coordenação mão-olho. [...] Mas pode argumentar-se com segurança que o poder dos jogos de cativar tem a ver com a capacidade de atingir os circuitos naturais de recompensa do cérebro. [...] No mundo dos jogos, as recompensas estão em toda a parte. No universo abundam os objectos que proporcionam recompensas claramente articuladas: mais vidas, acesso a outros níveis, novos equipamentos, novos feitiços. As recompensas dos jogos são fractais; cada escala contém a sua própria rede de recompensas, caso se esteja apenas a aprender a usar o comando, a tentar resolver um enigma para arranjar mais dinheiro ou a tentar concluir a missão mais difícil do jogo.

E porque tudo isto tem a ver com o jogo e com desafios que têm por base as peças tecnológicas, fica a sugestão: 1ª edição do Oeiras Internet Challenge.


segunda-feira, novembro 20, 2006

Biblio@rtes - 6

Matej Krén (Trecin, 1958 - Eslováquia)

O livro como matéria ou objecto de obra de arte, desta vez representado através do projecto Book Cell de Matej Krén, instalado no Hall do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP). O artista dá continuidade aos trabalhos em que recorrentemente aplica o procedimento de empilhar milhares de livros. Criou assim uma estrutura arquitectónica a partir de vários livros sobrepostos, desenhando um mini-edifício de múltiplas cores. O seu interior pode ser visitado e atravessado a meio, num curto percurso pedonal, onde, entre brilhos e cores de um jogo de espelhos e com o efeito da sobredimensão de capas e lombadas, se é induzido a sentir o medo e a vertigem da queda...

Book Cell (Instalação, 2006) - Matej Krén, CAMJAP, Foto: JAM



Book Cell (Instalação, 2006) - Matej Krén, CAMJAP, Foto: JAM


Book Cell reúne as várias edições da Fundação Calouste Gulbenkian, promovendo deste modo as publicações que, ao longo de 50 anos, vêm dando expressão às modalidades de intervenção cultural e científica desta instituição. Fica a sugestão para visita, até 31 de Dezembro de 2006.

Book Cell (Instalação, 2006) - Matej Krén, CAMJAP, Foto: JAM

Loneliness

Matt Murphy - Life line


O domingo termina ao som de Loneliness ...
(banda sonora Luna Papa, de Daler Nasarov)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Biblio@rtes - 5

The Library, 1960 - Jacob Lawrence (1917-2000)

Foto: Smithsonian American Art Museum



Jacob Lawrence (New Jersey, 1917 - Washington, 2000)

Pintor afro-americano, Jacob Lawrence tornou-se nacionalmente reconhecido com The Migration Series, um conjunto de 60 obras que marcam o seu empenho em representar a vida, a história e a cultura afro-americanas. As suas pinturas contam e documentam além da história americana, a história da sua própria experiência durante o período migratório de negros. Ao longo da década de 1930, após a "Grande Depressão", integra o Renascimento de Harlem, movimento da comunidade de afro-americanos residentes em Harlem, centro de Nova Iorque, onde a música Jazz, a literatura e a pintura se destacam de forma significativa entre as suas criações artísticas.

Em The Library, Lawrence retrata aquilo que era sua prática comum: passava horas na Biblioteca Pública de Nova Iorque onde investigava sobre as imagens lendárias e os acontecimentos a aplicar nos seus quadros, ilustrando fundamentalmente o esforço humano pela liberdade e justiça social.

Tornou-se no primeiro pintor americano de descendência africana cuja obra veio a integrar a colecção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, em 1941.


In many of the communities the Negro press was read continually because of its attitude and its encouragement of the movement, 1940-41- Jacob Lawrence (1917-2000)

Foto: MoMa


The libraries are appreciated (Harlem Series), 1943 - Jacob Lawrence (1917-2000)

sábado, novembro 11, 2006

youth

Debater o que interessa aos jovens: olhos nos olhos

No Congresso de Oeiras sobre a adolescência houve oportunidade de assistir a algumas intervenções muito enriquecedoras, como a de Eduardo Sá (Psicólogo, Psicanalista, Prof. Universitário – FPCEUC e ISPA), especialista em acção familiar, que considerou algo desadequada a frase Debater o que interessa aos jovens, olhos nos olhos. Esta expressão vem tocar precisamente não só no ponto fraco de problemáticas relacionadas com a adolescência mas também com aquilo que vem sendo característica da sociedade actual, a crescente incapacidade de manter diálogos olhos nos olhos, seja com quem for. Em relação ao modo como se gerem os afectos em família, em particular entre pais e adolescentes, Eduardo Sá deixou algumas dicas:

  • Dar colo: independentemente da idade, o colo não desconcerta mas, pelo contrário, concerta
  • Reabilitar o silêncio na família: O ritmo de vida actual cada vez mais dá menos lugar ao silêncio, deve ser preservado um espaço de silêncio entre a família
  • Brincar: não é uma actividade de fim de semana, há que manter sempre presente o bom humor, e ai dos adultos que deixam de rir...
  • Imaginar: Os pais estão autorizados a soltar a imaginação como forma de poderem colocar-se na posição dos filhos e, assim, reflectir um pouco melhor sobre aquilo que pode estar a afectar as relações
  • Exclusividade: Todos os filhos gostam de ser filhos únicos quanto mais não seja por pouco tempo, gostam de sentir que são o centro das atenções ou numa conversa do seu agrado ou na descrição de um acontecimento, nem que seja só por uns momentos...

Dicas simples que apoiam e contribuem para reforçar o olhos nos olhos e para apurar a sensibilidade ...

A Carroça dos poetas II

Recordando um post de Agosto, aqui fica a música do escritor de canções

quinta-feira, novembro 09, 2006

Biblio@rtes - 4

Don Quixote in his Library, Gustave Doré (1832-1883)

Paul Gustave Doré (Estrasburgo, 1832 - Paris, 1883)

Gustave Doré, desenhador e ilustrador francês, dedicou-se à ilustração de obras literárias de autores como Balzac, Dante, Cervantes e Perrault. Um dos muitos ilustradores de D. Quixote, Doré fez a representação do cavaleiro D. Quixote de La Mancha que, de tão obcecado com a leitura, passava as noites de claro em claro rodeado de personagens e livros, na sua biblioteca...

segunda-feira, novembro 06, 2006

[Pesquisa Assistida]

Dando continuidade à recolha de motores de busca numa vertente de pesquisa assistida apresento agora o ChaCha e o Hakia.

O primeiro trata-se de um pesquisador que combina os resultados provenientes de um algoritmo com outros que são sugeridos mediante intermediação humana ao activar os assistentes de pesquisa ou guias que fornecem ajuda aos seus utilizadores.

Por exemplo, através da pesquisa “Portugal” e seleccionando Search with guide, entramos numa sala de chat onde é possível conversar com um dos assessores que recebe um alerta sempre que um utilizador realiza a consulta ao Chacha Guide. Proporciona algum diálogo por forma a tomar conhecimento sobre a informação pretendida e realiza algumas sugestões de páginas web.
Depois de concluída a pesquisa, o sistema apresenta a lista de recursos que a assistente localizou e convida-nos a atribuir uma classificação ao seu desempenho, entre bad, ok e great. Além do mais, pode visitar o perfil da assistente e descobrir que o ChaCha contribui para criar uma verdadeira rede social de assistentes de pesquisa, na qual faculta os seus dados de pesquisa e contactos pessoais de modo a proporcionar sustentabilidade a este sistema inteligente de pesquisa de informação.

Consiste numa boa alternativa ao Google Answers e ao Yahoo Answers e respectivos sistemas de perguntas e respostas entre utilizadores que procuram localizar informação, no entanto o ChaCha pode considerar-se mais interactivo e rápido.

Outro pesquisador é o Hakia, o qual se auto define como “o primeiro pesquisador com base em significados” e que utiliza um “sistema semântico proprietário, em substituição dos índices convencionais” para responder a perguntas escritas directamente em linguagem natural.
O Projecto Hakia é dirigido por Riza Berkan, especialista em Inteligência Artificial e Processamento de Linguagem Natural, que afirma que a tecnologia desenvolvida permitirá rever os conteúdos texto da www no sentido de os analisar semanticamente e assim poder devolver informação fidedigna às buscas efectuadas pelos seus utilizadores.

O Google investe desde há vários anos nesta mesma área, tentando também devolver dados não em exclusivo de páginas que contêm exactamente as palavras pesquisadas, mas também informação de conteúdos semânticos relacionados. É interessante verificar que, apesar do Google, Yahoo e Microsoft formarem o principal monopólio nesta área, ainda se encontram alternativas que prestam um bom serviço…

Para obter mais informações podem ser consultados também os blogues do ChaCha e do Hakia.

Nota: Durante a consulta deste post verifiquei que o motor de pesquisa ChaCha possui períodos em que não se encontra acessível... (08h30 da manhã)

domingo, novembro 05, 2006

marcas


Anúncio Farinha láctea Nestlé - SADAG, Paris (meados Sec. XX)
Foto: Mary Evans Picture Library

O comércio desenvolve-se mais do que em redor dos produtos, em torno das marcas. É cada vez mais comum decidir sobre uma compra em função do perfil da marca. A marca atribui ao produto uma identidade ou característica, fidelizando públicos ou clientes. Nos finais do século XIX, com a Revolução industrial, surgem milhões de novos produtos concebidos em série e sob o rosto de uma imagem de marca, de um logo, mascote, frase ou slogan. A par da produção de um artigo ou produto alimentar surge também o acto criativo da imagem de marca.

Em torno das marcas prevalece uma identidade individual: vestir Nike, Massimo Dutti, Calvin Kline ou ter um Mac tem correspondência com uma atitude e estilo de vida. Assim a estratégia da marca envolve além do produto, uma ideologia ou crença.

Este conceito é explorado por especialistas de marketing e publicidade que se dedicam a um domínio específico designado de branding. A estratégia das marcas vem conferir ao produto ou serviço não apenas aquilo que está inerente a esse mesmo produto, mas também algo além dele, ou seja, a pertença a um certo modo de vida ou tipos de comportamento. Veja-se o efeito do Leite Nestlé - on reconnait entre mille, un Bébé Nestlé!

A partir deste conceito podem considerar-se marcas também alguns países, como a China ou a Suiça, cidades como Barcelona, ou universidades como Oxford, ou ainda museus como o Louvre. O marketing generaliza-se a espaços, equipamentos e territórios, sobretudo porque estes detêm características inconfundíveis e únicas que os distinguem entre mil. Neste campo, o papel de consumidor está a cargo dos turistas, dos estudantes e visitantes, cada um convertido a determinada filosofia visual e estilos padronizados...

Inglesa patriota, Guarini - 1917
Foto: Mary Evans Picture Library

suites

Suite No. 3 em C Maior, Mstislav Rostropovich - Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Bourreé ORTF, Paris, Dezembro 1962

Segue o teu destino

Mstislav Rostropovich, Salvador Dali (1904-1989)


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.


A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.


Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.


Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.


Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis

quinta-feira, novembro 02, 2006

Ms. Dewey, a bibliotecária da Microsoft


John Battele deu a conhecer há uns dias o recente motor de busca personalizado Ms. Dewey. Neste interface que aplica a tecnologia de pesquisa Windows Live search da Microsoft, a actriz Janina Gavankar representa o papel de uma avatar bibliotecária que se encarrega de dinamizar o serviço de pesquisa de informação na web. Perante cenários algo bizarros, dá vida à busca através de comentários aos resultados obtidos ou chamando a atenção durante momentos de pausa, com um toc toc no vidro do monitor. Oferece também a possibilidade de partilha de pesquisas com amigos via e-mail. Apesar da Ms. Dewey proporcionar algumas intervenções divertidas, no conjunto temos a desvantagem da animação em Flash demorar um certo tempo a carregar, tanto ao entrar na página como durante a pesquisa e devolução de resultados. Outra aspecto negativo passa por não permitir aplicar as técnicas e modalidades de filtragem mais frequentes (a pesquisa por frase, idioma, domínio, entre outras), o que resulta em ruído e excesso de links. O melhor é mesmo testar a interactiva Ms. Dewey e conhecer as várias surpresas que nos reserva.

Fotos: Ms. Dewey

Quadro Interactivo

A evolução de um quadro de ardósia para um autêntico Smartboard… Com base na aplicação da tecnologia Assist Sketch Understanding System, a MIT’s AI Lab concebeu um quadro que reconhece o desenho e combina a leitura digital com um mecanismo interactivo que, ao interpretar esse esboço, além de aperfeiçoar o traço, pode também simular uma animação ou movimento, como é possível observar no vídeo de apresentação:

MIT - Assist Sketch Understanding System

domingo, outubro 29, 2006

Biblio@rtes - 3

Andreas Gursky (Leipzig, 1955)

Andreas Gursky nas suas fotografias de grande formato e ricas em cor marca a relação entre o homem e o meio em que vive. Em articulação com uma tradição pictórica europeia (paisagem, interiores, arquitectura e abstracção), as fotografias de Gursky exploram locais isolados (como halls de edifícios, bibliotecas, terrenos vazios, pistas de aeroportos) ou espaços públicos, de lazer ou de trabalho (como piscinas e fábricas).

A fotografia da Biblioteca Pública de Estocolmo, um projecto do arquitecto sueco Erik Gunnar Asplund, representa o rigor na organização das colecções, através de uma vista hemisférica das estantes, livros e respectivas cores. O detalhe do esquema cilindríco imposto pela cúpula central, permite o aproveitamento do espaço de um modo racional, tendo como limite o topo da sala de leitura.

Library, 1999 - Andreas Gursky (Leipzig, 1955)
Foto:
Guggenheim Museum

Ontem não te vi em Babilónia

25 de Outubro à noite


Lobo Antunes numa noite repleta de espontaneidades, revela o lado humano e solto do escritor consagrado. A conversa fluiu com muito humor, entre histórias de vida e de vidas, memórias e recordações de infância e personagens rocambulescas... Das várias afirmações, destaco aquela em que Lobo Antunes se referiu ao acto de escrever e aos requisitos necessários para se ser escritor: “solidão, orgulho e paciência”. Solidão, por exigir bastante isolamento (imprescindível à concentração). Orgulho, por implicar elevada força de vontade e persistência. Paciência, por envolver muitas privações, sempre.

Quando estou muitas horas a sentir o tempo que não sei para onde vai no relógio eléctrico, sei que passa por mim num zumbidinho leve, começo a distinguir coisas no escuro, primeiro os móveis que deixaram de ser móveis e perderam o nome e depois o tecto, as paredes, o quadrado mais claro da janela e o rectângulo mais claro da porta esses sim ainda tecto e paredes e janela e porta e eu todavia perdendo-os também e a esquecer o que são, parece que a alma me sai num fuminho e tenho medo que não regresse mais, que ficando sem alma fique sem a minha vida inteira e continue a respirar como respiram as cortinas e as árvores que por mais que nos falem não as podemos ouvir, não nos preocupamos no caso por exemplo de se assustarem, sofrerem, não fazem parte de nós, andam por aí e acabou-se, quando estou muitas horas acordada a minha cara principia a tornar-se da mesma matéria que as tais coisas do escuro e deixa de ser cara, os braços deixam de ser braços consoante os móveis deixaram de ser móveis e perderam o nome

(o que chamar à minha cara, aos meus braços?)

ANTUNES, António Lobo - Ontem não te vi em Babilónia, 2006

terça-feira, outubro 24, 2006

[adiante]

Foto: Lun@tic, La Rambla


...expectativas goradas...

O melhor é nunca criar expectativas face ao que
não depende directamente de nós,


só assim é possível
manter alguma harmonia e
satisfação


As expectativas goradas
podem deixar
fortes marcas...


perda de
entusiasmos
e motivações...

domingo, outubro 22, 2006

Biblio@rtes - 2

Rachel Whiteread (Londres, 1963)

A escultora inglesa explora a ideia da negatividade dos espaços. Com recurso ao processo de moldagem em gesso representa a memória física quer de objectos como de espaços e materializa aquilo que não é visível, tornando vivo o seu “vazio”. Rachel Whiteread em Untitled (Paperbacks), Untitled (Library) ou Untitled (Colours), tirando o molde aos objectos estante e livro, torna tangível o imaterial. Simultaneamente, imprime às suas peças uma relação com o corpo humano: a dimensão das estantes corresponde à escala real, reflectindo funções e evocando, nalguns casos, a intimidade que esse equipamento nos proporciona.


Untitled (Paperbacks), 1997 - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Gesso e aço. (Dimensão: 450 x 480 x 632 cm)
Foto: MoMa

Untitled (Paperbacks) é o molde negativo do interior da sala de uma biblioteca: uma sala cheia de marcas espectrais de livros cujos conteúdos e títulos parecem ter-se perdido. O molde em gesso é a manifestação visível da sala – os livros unidos por cores, a dimensão das lombadas e mesmo a textura das suas páginas permanecem “legíveis”. A escultura de Whiteread cria assim uma tensão entre o assombroso e o poético, o monumental e o frágil, o efémero e o eterno. [Fonte: Texto da exposição - Out of Time: A Contemporary View, August 30, 2006–April 9, 2007]

Untitled (Library), 1999 - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Gesso, Poliestireno, fibra e aço. (Dimensão: 112 1/2 x 210 5/8 x 96 in.)
Foto:
Hirshhorn Museum and Sculpture Garden


Untitled (Colours), 2002 - Rachel Whiteread (Reino Unido, 1963)
Gesso, Poliestireno e aço. (Dimensão: 113.00 x 90.00 x 26.00 cm)
Foto: National Galleries of Scotland

Em Untitled (Library) e (Colours) são visíveis tanto a cor como as páginas dos livros. As cores neste caso resultam das cores das capas absorvidas pelo molde em gesso durante o processo de secagem. Por sua vez, as páginas correspondem às linhas delineadas nas prateleiras da escultura.

Nestas três obras, Whiteread associa a inexistência material de livros para ler, ou este vácuo assombrado, ao espaço preenchido pelo conhecimento ou às ideias e memórias contidas nos livros, o "não-lugar" do imaterial.

Holocaust Monument (2000) Judenplatz, Vienna - Rachel Whiteread (Londres, 1963)
Foto:
Wikipedia e Ramone

Ao contrário do que sucede em Untitled (Paperbacks), onde existe uma biblioteca na qual se pode entrar, no monumento Holocaust Memorial inaugurado em 2000, na praça Judenplatz em Viena de Áustria, o processo de representação do espaço “biblioteca” é invertido. Aqui, o molde do espaço interior de uma biblioteca é delineado, positivamente, através das estantes e respectivas marcas impressas pelos livros no exterior de um bloco fechado. Uma das paredes apresenta o negativo da porta principal. No monumento às vitimas do holocausto, Whiteread simboliza a vida e cultura de mais de 65.000 judeus austríacos (tradicionalmente identificados como “Pessoas dos Livros”) mortos durante a perseguição Nazi.

Em síntese, nesta série de instalações, a escultora pretende realçar e demonstrar que, tal como as obras de arte invocam a história de objectos e pessoas, também os livros assumem esse papel de registo e memória da história da humanidade.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Beth Gibbons - Mysteries

É sempre bom quando alguém nos desvia do stress com uma boa sugestão de música. Retirada do filme As Bonecas Russas, em tempos alojadas algures numa Residência Espanhola...




You... GoogleTube

No passado dia 10 de Outubro foi divulgada a notícia de que o Google compra YouTube por 1.650 milhões de dólares. Para muitos é considerada uma má compra, para outros é simplesmente mais uma prova de que vivemos num período dedicado aos negócios na Internet, em que o Google dita as regras. Outros consideram, tal como eu, que não foi uma compra despropositada. Esta aquisição vem permitir ao Google aceder a uma comunidade de utilizadores que visualizam mais de 100 milhões de vídeos por dia, que passam mais tempo nesse site do que em qualquer outro de características semelhantes e ainda, concluídos os acordos, pode iniciar o processo de pesquisa através das fontes de acesso... e também, vir a viabilizar o uso do Adsense em pleno.

Tendem a surgir as primeiras imagens, ou melhor, os primeiros vídeos que projectam esta metamorfose ...

terça-feira, outubro 17, 2006

Biblio@rtes - 1

Maria Helena Vieira da Silva (1908, Lisboa - 1992, Paris)

Inspirada em Fora de Horas, decidi dar início à recolha de uma série de obras e formas de representação artística dedicadas às Bibliotecas. Hoje a referência vai para Vieira da Silva e as suas pinturas de perspectivas labirínticas, surreais e algo mágicas. Do cruzamento de imagens entre livros, estantes, escadas e soalhos ladrilhados, à perda gradual da cor e ao reforço das linhas que se evidenciam através de tonalidades negras.

Bibliothèque, 1949 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)


La bibliothèque, 1966 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)

L'autre bibliothèque de René Char, 1967 - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1908 - Paris, 1992)

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